segunda-feira, 9 de setembro de 2013



E se eu disser que por você deixo o cabelo crescer até o ombro, que paro de me preocupar com a balança, que uso mais salto alto e menos maquiagem, que esqueço (alguns) palavrões e paro de falar tanto? E se eu prometer ser mais paciente, entender todas as suas piadas, parar de me preocupar tanto com a gente e ser mais segura comigo mesma? E se eu começar a usar vestido até o joelho, decote levantado e meias-calças mais grossas?
Aí, então, você mais que depressa me interna e me droga. Me embebeda e me tatua. Avisa à minha família que eu pirei, que abandonei a meia arrastão, o vestido curto e o decote em “v”. Eles vão gritar contigo, perguntar o motivo e ei de responder: “é que tem louco para tudo,  que larga a vida por outra, que se arrepende, desmonta e que percebe, ao final de tudo, que amor vai além da aceitação: é pirar em conjunto, surtar sem julgamento e perceber que ser careca, mal vestido ou acima do peso também é passível à paixão”.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Ei,


Se me permites a indiferença
acuso a mim mesma como responsável
por essa falta de ausência

Ausência que não se faz por causa tua
ausência que ainda não se fez e que atenua,
de longe e tão perto
essa fagulha que à distância se exibe e afirma:
"primeiro,sou tua"

E por que ser diferente
se permites minha indiferença?
Por que de repente
se tão melhor é o para sempre?

Volta meio caminho
E só meio.
Mas fica.
Permanece e relembra:
depois do para sempre, vem sempre o primeiro.

terça-feira, 26 de março de 2013

Como perder peso


Eu como rápido demais. Não mastigo, esqueço de saborear e, constantemente, passo mal. Quero regurgitar essa mania doida de criar sapos no estômago e abacaxis na cabeça. Decidi que não quero ser mais virginiana. É muita racionalidade, metodismo e insegurança batidos com a dor-de-cabeça de problematizar exacerbadamente. Porra! Cadê a minha pisciana interna? Pode ser uma taurina também, tanto faz. Quero mais preguiça, mais desatenção, um pote vazio de semancol e aquele sorriso de quando tudo dá errado e você ainda se acha linda. FODA-SE!. 
Não preciso de férias; o que eu preciso mesmo é botar o dedo na guela sem vergonha nenhuma. Um não, dois! Sentir meu estômago saltar por dentro e baixar minha cabeça entre os pés. Tá na hora de desocupar esse enchimento interior ridículo de muito sentimento para pouco espaço para guardar. Quero que seja assim: dedos na garganta, uma poça fedida e tudo jogado no chão. É que fora tem espaço, sabe? Tem espaço para isso tudo e ainda mais um pouco pro silêncio que vem depois, quando a situação acalma e a gente vira as costas. Vai embora e simplesmente esquece. Vai embora menos pesada. Acho que é por isso que toda a mulher quer perder dois quilos.