domingo, 26 de junho de 2011

menos do que eu, mais do que nós


Simplesmente não consigo mais sufocar tudo dentro de mim: os sentimentos incham, a pele estica, a cabeça dói e o corpo cai; a queda é estreita e longa, os braços queimam internamente e a sensação de angústia se expande.
Eu posso levantar, bem sei que sim. Mas e a vontade? Onde foi parar a ânsia que incendiava meu corpo inteiro por causas suas? Sinto falta dos espamos de energia que sentia quando as razões eram pequenas, porém intensas. Tudo parece maior agora, e se não bastasse, coloco-me no meio de tudo, atiro em mim mesma o que talvez não fosse nem sequer balbuciado por outrem.
Fraqueza? Incapacidade? Foram-se os anos de automutilação por piedade. É ego ferido, vontade gritar - mas gritar por dentro, em silêncio, com ou sem razão. Eu só quero a voz, íntima e minha. Só quero os meus ouvidos machucados, os de mais ninguém.

domingo, 20 de março de 2011

mais uma vez...

É difícil ser direta. Escrever sem nenhuma subjetividade me deixa insegura (e como!). Sempre foram meias-palavras, poucas inverdades e muitas, muitas vírgulas. As metáforas me seguram, me amparam e me dificultam: “Não entendi uma palavra do que escreveste”. E nem eu.
Resolvi mudar um pouco, falar sem intermédios. Não é a primeira vez que tento, confesso. Todas as vezes, porém, foram em vão. Eu até que comecei bem, sabe? Tentava fugir da formalidade e simplesmente escrever como se estivesse conversando com alguém. Faltava alguma coisa; um toque, originalidade (certamente). Depois descobri que essas letrinhas são escritas POR mim e PARA mim. Então, dane-se essa mania de “complexibilidade-pré- graduação”, chega de me esforçar pra fazer alguém me entender. Isso não vai acontecer, nunca.
Sou um poço de brigas internas, de mutilação intelectual por pouco mais que outro ser humano e suas complicações. “Não vale a pena”, eu provavelmente diria se viesse da boca de outra pessoa, e não vale mesmo.
Prova disso é que esses dias eu vi uma tirinha sobre bonequinhos que nasciam com um buraco na barriga e a enchiam com momentos e objetos durante a vida. Na mesma semana, a professora de psicologia da educação deu uma palavra pra cada pessoa – coisas bem aleatórias e sem-noção, tipo: colchão de mola, bananeira – e cada um tinha que dizer como seria sua personalidade caso fosse aquela palavra. A palavra “vazio” era uma delas (assim como a barriga dos bonequinhos), e a pessoa que tirou essa palavra queria mudar. Dava pra ver na expressão facial dela que aquilo era como um sinônimo de infelicidade, exclusão. Eu, entretanto e como sempre, achei o contrário. Ela tinha tudo e não sabia. O vazio estava ali, à disposição... Infinitas possibilidades de recheio pra um infinito vazio. E pros céticos que pensam que dessa forma iria se anular qualquer tentativa de melhora, eu discordo.
A gente nasce com tanto, e nem percebe. Eu fico puta da cara com as minhas reclamações idiotas e tentativas de auto-sofrimento-proposital. É querer sentir pena de si mesmo e achar que nada nasceu pra dar certo. E ta aí, é esse tal de “nada” que nos move, que nos impulsiona a tentar melhorar.
É, a vida não foi feita pra ser feliz toda a hora. Tem até um filme (não me recordo o nome) do Arnaldo Jabor que diz: “É impossível ser feliz na vida, o máximo que vais conseguir é ser alegre, quando muito”. Eu concordo, talvez pensando em alegria ao invés de felicidade eu consiga de fato chegar mais perto de sorrir mais vezes ao dia. Ou não. Tá aí, já mudei o assunto de novo.