quarta-feira, 18 de agosto de 2010

homem-vácuo


Com certeza o som não se propagava naquela imensidão omitida pela negritude dos fios recém-lavados. Vácuo seria um apelido carinhoso demais para designar tamanho espaço oco que se estendia de frente pra mim, encarando-me. Sim, falo de um ser humano – se é que posso chamá-lo assim.
Um homem, como podem ter percebido. E poderia ser diferente? Às vezes penso se aqueles dois bracinhos teriam sido realmente projetados pra viver entre os bípedes, e ainda tenho minhas dúvidas.
As faíscas transformaram-se em tochas prontas pra incendiar o Senhor Maravilha ao menor mover de seu esbelto corpo. Convenhamos, alguma coisa de interessante ele deveria ter, pena que não me avisaram antecipadamente que a futilidade tinha nome, sobrenome e um cartão Visa platinum com estrelinhas azuis pra combinar com seus olhos.
Envergonho-me por ter matado alguns neurônios ao pensar nele, mas agradeço por não ter dado tempo do meu cérebro desintegrar totalmente – se ao apertar minha mão, vocês notarem que pisco o olho, não se preocupem, são resquícios incuráveis de uma péssima companhia.
Agarro-me às fofocas diárias que a mulherada passa e repassa: falta homem no mercado. Entretanto, quando falo de homem, não me refiro aos tapados de plantão que pegam balada no fim de semana e torram a conta bancária pagando bebida às atiradas de tempo integral. Não me levem a mal – e nem a quantidade de “Não” que consigo escrever em meia dúzia de linhas -, porém uma coisa é certa: se ser mulher é aceitar essa babaquice de homarada acéfala, declaro publicamente: NÃO SOU MAIS MULHER. E tenho dito.